Sentimentos, cinzas e chão

Acendo mais um cigarro no silêncio do meu quarto para ver paro de pensar em nós e em tudo o que vivemos nesse tempo. Na verdade, o que eu vivi. Quero parar de sentir aquela dor que surge dentro de mim e que vai se esvaindo em formas de lágrimas. Sei que não posso ficar assim. Que deveria colocar um salto, uma roupa nova e sair por aí com as minhas amigas. Só que não. Preciso de um tempo sozinha com meus pensamentos. Quero descobrir o exato momento em que tudo começou a sumir. Ainda tenho a música, ainda sinto o beijo e seu cheiro em cada pedaço de mim. Você foi embora da mesma forma que entrou na minha vida: intenso e arrebatador. E o que restou? Lembranças das suas risadas e do quanto era bom fechar os olhos ao sentir o seu abraço. Eu me sentia segura ao seu lado e agora o que sobrou foi um lençol manchado de rímel e cinzas pelo chão. Sempre evitei me apaixonar. Tinha medo de dar o melhor de mim e não receber nada. Mas como todo mundo dizia que se apaixonar era a melhor coisa do mundo, arrisquei. E posso dizer fui feliz. Como posso dizer que fui triste. Só não criei forças da mesma forma que criei expectativas. Mas se apaixonar é isso... tentativas vãs de se se encontrar quando na verdade você quer se perder. Um amor que não cabe dentro de si e a vontade de que tudo possa voltar a ser como antes. E acima de tudo, acreditar que sempre existe um outro dia. E junto com ele a possibilidade de continuar nossa história.